segunda-feira, março 17, 2008

Porque Portugal Não Avança

Por muitos motivos, mas um deles é bem fácil de identificar (até o Presidente da República falou nele): o da discrepância de salários entre patrões/gestores e os funcionários.
Ao ver os dados é de se ficar abismado com o facto de gestores (nem são os donos das empresas) ganharem mais de 128 vezes (como o gestor da PT) que o salário médio de um funcionário. 128 vezes!!! São necessários 10 anos, 7 meses e 1 semana para um funcionário “médio” ganhar o equivalente ao do gestor num mês!!!
Em Portugal, o padrão médio é de um gestor ganhar 32 vezes mais que os seus funcionários, sendo uma das mais altas taxas por toda a Europa. Em vez de se promover o ganho através dos lucros obtidos, estes salários chorudos já estão contemplados, independentemente dos resultados, não existindo qualquer forma de promover o desempenho.

Esta situação é particularmente grave em instituições que todos nós pagamos. São os amigos do Partido que determinam os salários dos seus amigos e em muitos casos dos seus futuros empregos, como uma espécie de investimento. Já não bastam os favorecimentos escandalosos em prol dos futuros empregadores como agora temos estas situações. E não são só os salários, como também as ajudas de custo, a contratação de pessoa, os bónus, tudo isto à custa do erário público. Arre, que cambada!

Se Portugal promovesse uma maior igualdade em termos de distribuição, a produtividade aumentaria, como aconteceu em vários países asiáticos como uma política de aproximação, não só mas também, de salários sendo que todos os trabalhadores estão movidos para um mesmo fim. Que motivação poderá ter um funcionário, muitas vezes com mais habilitações (segundo os mesmos dados os funcionários das empresas têm o mesmo ou mais habilitações que os donos/gestores) mais competências sabendo que necessita de 10 anos para receber o mesmo que o seu presidente/chefe num mês? Que empresa pode promover um desenfadamento tão grande quando não se trata de uma posição que só aquela pessoa pode fazer? Isto sem esquecer que a diminuição, ou a adequação destes salários milionários à realidade nacional, promovia uma poupança e consequente existência de verbas para investimento (como os dragões asiáticos) e seria uma ajuda para sair do lamaçal em que nos encontramos.